Estudantes
que participam de programa de iniciação científica enquanto estão na graduação
têm uma chance 2,2 vezes maior de completar o mestrado e 1,5 maior de concluir
o doutorado, quando comparados aos alunos que não participam do programa. O
resultado está no estudo inédito “A formação de novos quadros para CT&I
(Ciência, Tecnologia e Inovação): avaliação do Programa Institucional de Bolsas
de Iniciação Científica (Pibic)”, divulgado hoje (25), em Brasília, pelo Centro
de Gestão e Estudos Estratégicos (Cgee), do Ministério da Ciência, Tecnologia,
Inovações e Comunicações.
A pesquisa mostra ainda que os estudantes que
receberam bolsa Pibic concluíram a graduação em média um pouco mais jovens
(23,9 anos) em comparação com os não bolsistas (24,8 anos). “Além de beneficiar
os bolsistas, a iniciação científica gera maior eficiência do sistema,
encurtando os processos. Temos também mais chance de levar os estudantes à
conclusão satisfatória”, disse o presidente do Cgee, Mariano Laplane. “É um
programa importante, que tem efeitos positivos. Deve ser mantido e ampliado”,
afirmou.
Bolsas do Pibic
O Pibic é um programa do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), também vinculado ao Ministério
da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, que oferece bolsas de R$ 400
por mês para estudantes desenvolverem pesquisas científicas. As bolsas são
concedidas diretamente às instituições, que são responsáveis pela seleção dos
projetos dos pesquisadores e orientadores interessados em participar do
programa. Os estudantes tornam-se bolsistas a partir da indicação dos
orientadores. O programa existe desde os anos 1980.
Os resultados demonstram que os egressos do
Pibic – mesmo isolados os efeitos das outras variáveis, como concluir a pós-graduação,
idade, gênero e áreas do conhecimento – apresentaram uma remuneração um pouco
maior, de 5%, quando comparados com os alunos que não foram contemplados pelo
programa. A diferenciação maior na remuneração, no entanto, ocorrerá com a
conclusão do mestrado e doutorado. Além disso, o programa também tem outros
efeitos no aprendizado para além do objeto de pesquisa. Ao todo, 56% dos
bolsistas declararam que as atividades de iniciação levaram a ter contato com
outra língua – em sua grande maioria, por meio da leitura de textos. E mais:
58% dos bolsistas disseram ter tido a oportunidade de divulgar os resultados de
sua pesquisa; dentro desse grupo, 76% divulgaram em eventos voltados para a
iniciação científica; 19% em eventos nacionais e 5% apresentaram trabalhos em
eventos internacionais.
A publicação de resultados a partir das
atividades de pesquisa é um evento mais raro. Ao todo, apenas 19% dos bolsistas
relataram a publicação de resultados do projeto. Dentro desse grupo, 15%
reportaram publicação em revistas internacionais.
Números
O Pibic apresentou – entre 2001 e 2013 –
expansão do número de bolsas de 14,5 mil para 24,3 mil, um crescimento de 67%,
representando 81% das bolsas de iniciação científica dadas pelo CNPq no final
do período, contra 77% no início. Em 2007, o CNPq utilizou também o sistema de
parcerias para lançar um programa semelhante, voltado para a concessão de
bolsas de iniciação tecnológica, o chamado Programa Institucional de Bolsas de
Iniciação Tecnológica-Pibiti), que passou a ser, em 2013, o segundo maior
programa em número de bolsas para alunos da graduação do CNPq, atingindo 3.392
bolsas.
Apesar de expressivo, o crescimento do Pibic e
do conjunto de bolsas de iniciação científica e Pibiti está aquém da expansão
das matrículas de graduação no setor público, que cresceram 104% no período, e
de pós-graduação, com expansão de 116%.
Segundo a Coordenadora de Programas Acadêmicos
do CNPq, Lucimar Almeida, em 2017, são 24.210 bolsas mantidas pelo Pibic,
número que se mantém praticamente estagnado desde 2010, assim como o valor pago
aos bolsistas: R$ 400. “Para nós, o mais importante é a formação e não o valor
em si. Seria importante a expansão do programa, mas de maneira sustentável”,
disse. O presidente do CNPq, Mario Neto Borges, afirmou que, mesmo com os
cortes orçamentários, as bolsas e os programas em andamento serão mantidos.
“Todas as bolsas estão sendo distribuídas normalmente, mesmo com o
contingenciamento [bloqueio de dotações orçamentárias] de março, não haverá
nenhum corte de bolsa e nenhuma interrupção em projeto em andamento. O que
vamos fazer é ajustar os programas do CNPq à nova realidade orçamentária. Mas o
CNPq mantém todas as bolas em andamento”, finalizou.
Informações e texto obtidos no endereço: http://istoe.com.br/pesquisa-bolsistas-de-iniciacao-cientifica-concluem-estudos-mais-rapido/
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